Lua Nova_7 setembro 2021
Chegou o momento de colocar os teus dons ao serviço, na consciência de que o ponto de mudança depende (sempre, vejam-se os exemplos históricos!) de uma minoria. Urge reconhecer e honrar o nosso poder, tornando os traumas — feridas emocionais que nos levam a adotar padrões defensivos — tesouros, património da experiência individuante. Se chegaste até aqui sobreviveste, e esse puro milagre dá-te a força da sabedoria compassiva.
Na verdade, as nossas feridas unem mais do que separam, pois ainda continuamos todos a aprender assim, nesta fase evolutiva da humanidade. O coração precisa de quebrar, mais e mais, para deixarmos cair máscaras, mentira, arrogância e alarde. Assim alcançaremos a nudez da incerteza, olhando o mundo com o interesse curioso da criança, pronta a descobrir novidade a cada instante, além dos pre-conceitos que impedem a revelação.
A intensidade das ruturas que todos agora experimentamos torna-nos mais leves, libertos de mágoa e medo, se escolhermos confiar na bondade maior, na inteligência divina que subjaz à trama da vida. Atravessando a dor, acolhendo de peito aberto o mistério, podemos, pois, ponderar enquadrar cada gesto quotidiano num contexto mais amplo, à luz do Espírito.
O labor interior do crescimento manifesta-se na consciência com que gerimos tanto o nosso corpo, laboratório fisiológico em constante renovação, como a relação com o mundo, feito de plantas, bichos, terra, água, gente… É tempo de cultivarmos um sentido de devoção prática, enraizada nas reais circunstâncias da nossa existência aqui e agora. Respira. Abre um sorriso. Avança.