Esbracejar no vazio

Lua Cheia 17 out. 2024

Não sei bem em que livro li esta afirmação de um mestre espiritual budista que, de tão extraordinária, me ficou a balançar dentro, pelos anos. Falava para a congregação sobre as qualidades da temperança e comentou, rindo, que recordava os tempos em que ainda se indignava.

Ora, para o comum dos mortais, a indignação vem associada ao sentido de justiça, ao ímpeto para repor o equilíbrio quebrado. Porém, este salto interno, que deixa as correntes do sistema nervoso a tilintar, nasce da irritação, do julgamento e da incapacidade de aceitar as situações com que nos vamos deparando na vida.

Eu indigno-me muitas vezes, sim. E depois fico exausta, enquanto esgrimo, no ruído da cabeça, infindáveis cenários alternativos que poderiam ter remediado aquilo que classifico como errado. Aliás, na frase anterior, o uso do verbo “poder” no condicional indicia as manigâncias mentais com que colocamos filtros sobre a realidade, na espúria tentativa de a moldar às nossas expetativas.

É curioso, este hábito pueril de esperarmos que o mundo satisfaça as nossas mais que legítimas necessidades. Perdemos uma inestimável e preciosa quantidade de energia a esbracejar no vazio, diante de questões que não nos dizem diretamente respeito e sobre as quais não temos, na esmagadora maioria dos casos, qualquer influência.

Este desvio abrupto para fora do nosso centro de consciência nada contribui para a harmonia. Mais, a turbulência interna não nos permite avaliar as situações de modo neutral, tampouco agir a partir da compaixão.

O mundo precisa de ativistas, concordo. Porém, enquanto a nossa ação partir do impulso opinativo, que nos dá certezas mais do que disponibilidade para averiguar, vamos continuar a espalhar brasas, quando o que queremos é apagar o incêndio.

#image_dianavalmeida — Street Art, Lisboa

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Grata. Bem-hajas!

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