Eu-tu-aqui-agora

Lua Nova, 22 janeiro 2023

Quando entrei para a faculdade, o desejo de saber tornava a aprendizagem constante revelação, com o privilégio de ter sido iniciada no estudo das “línguas e literaturas modernas” (como então se designava o curso) por um corpo docente de excelência, na companhia de algumas colegas próximas, com quem ainda hoje crio amizade cúmplice. Ora, numa aula de linguística, na perspetiva da análise do discurso, foi-nos apresentada a fórmula subjacente a todas as interações comunicacionais, que pressupõem um sujeito, um interlocutor, um espaço e um tempo — eu-tu-aqui-agora. 

É curioso como, mais de três décadas depois, ainda contemplo com fascínio esta chave, abrindo reflexão sobre o “eu” que fala e se constitui como entidade discursiva através do diálogo com um outro, que, de igual modo, se quer revelar pela palavra, num contexto determinado pela partilha de coordenadas espácio-temporais. Embora esta seja uma matriz universal, para se realizar implica condições específicas, pois cada “eu” é singular e alterna lugar com o “tu”, ele mesmo sujeito em movimento. Mais, cada circunstância que possibilita encontro é única, porque também os lugares mudam, ainda que de modo mais subtil, e o tempo é esta corrente veloz que vamos navegando.

E aqui chego ao tema deste texto — o presente contínuo que habitamos e construímos juntos. Sabemos que tanto o passado como o futuro (onde o universo publicitário nos encerra recorrendo à nostalgia e à projeção idealizada, não me canso de repetir) são tempos mortos, sem ação possível — apenas “aqui-agora” podemos escolher. O presente, porém, é mergulho, convocando total entrega. Como agir, então, em consciência plena, se nos deixarmos enlear pelas tramoias do pensamento, que sempre nos arrasta para tempos-espaços outros?

Várias práticas sagradas sugerem que tomemos como âncora, ou refúgio, a respiração. Respiramos no presente sempre. O ciclo respiratório constitui o elo mais imediato entre corpo físico, mente e espírito, unindo várias dimensões num só fôlego. Está mais que provado cientificamente que o foco no ar que entra e sai permite, de imediato, aquietar a mente, reduzindo níveis de ansiedade e enraizando a consciência no corpo, nosso instrumento de ação no mundo. Bastam três respirações conscientes para alterar o equilíbrio químico do corpo a nível celular.

O sopro divino que nos respira, e se potencia quando nele atentamos, é a corrente amorosa que nos (re)liga a nós mesmos e aos outros, num momento histórico em que o valor da comunidade cooperante se vem evidenciando. Para ampliar diálogo, escolhamos permanecer em conexão com o “eu”, ponte para o “tu”, “aqui” neste lugar de entendimento, “agora” no tempo da escolha a cada instante renovada.

#image_dianavalmeida Boomland, Be In, 2015.

sobre o meu trabalho

O meu serviço centra-se em três áreas — Energia, Criatividade e Visão. 

Ofereço uma terapia holística, combinando energia, taças tibetanas, cristais, sinergias de óleos essenciais personalizadas e (se a tua pele quiser ser tocada) massagem intuitiva — Afinar o Coração. 

Proponho workshops de desenvolvimento humano, unindo escrita e meditação, ou mentorias criativas individuais para desenvolveres um projeto de escrita ou trabalhares um tópico específico — Escrever o Coração.

Realizo rituais fotográficos que honram a beleza singular de cada Ser — Retrato Sagrado e Corpo Vivo: Deusa Grávida.

Dou também aulas de Kundalini Yoga na Casa Pavan (Fontanelas).

A cada primeiro domingo do mês, faço com a Maria João Ferraz o Caminhar no Coração, uma caminhada meditativa em silêncio, na serra de Sintra, com  propostas de yoga e escrita.

Queres saber mais, ou marcar uma sessão? Entra em contacto comigo.

Bem-hajas

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