Recusar a oferta

Lua Cheia 24 abril 2024

Osho conta a história de um mestre que recebe a visita de um homem irado, em busca de paz. Ora este homem era rico e, na pretensão de ganhar o favor do mestre, leva consigo um faustoso presente, testemunho da sua reputação e do seu poder. Porém, o mestre, apercebendo-se da intenção do visitante, pede-lhe gentilmente que deixe a oferenda à porta, recusando o suborno. O homem vê-se despido de presunção, desprovido das habituais estratégias com que manipulava as interações sociais. Deve ter-se sentido diminuído e inseguro, privado da máscara. Contudo, só assim pôde, de facto, aproximar-se da fonte de compaixão, caindo em si.

Nestes dias, tenho sido confrontada com vários presentes envenenados de raiva, acicatada pelo recalcamento e pelo stress, que alimentam a dor da separação. Quanto maior a incoerência interna, mais forte o sentimento de rutura interna e a frustração pela incapacidade de estabelecer vínculo.

Repetidamente me vi perplexa diante desta fúria cega, que sibila sarcasmo ou desfere golpes mais descarados. Estas irrupções do inconsciente ativam, de imediato, as minhas feridas, claro. Lábia não me faltaria para ripostar, mas, cada vez mais, vou aprendendo a trabalhar a contenção.

Respirar permite-me entrar em contacto com a minha paisagem interna, observando o que em mim se move — o sentimento de injustiça, pai da vitimização; a irritaçãozinha, sempre pronta a julgar; a regressão ao modo birra, prestes a fechar portas a qualquer possibilidade de contacto com o exterior. Respiro. 

Por vezes, consigo recusar a oferta, olhando as paixões alheias do lugar onde habito em presença. Outras, embora não reaja de imediato, fico a borbulhar dias a fio, pensando naquilo que deveria ter dito para pôr fulano e sicrano no seu devido lugar. Bom é quando expiro fundo, abro o peito, baixo os ombros (vale a pena experimentar fazer esta sequência!) e sorrio por dentro, acolhendo em compaixão, sem julgamento, nem melindre.Vivemos todos, de momento, processos intensos, quer devido a circunstâncias pessoais e/ou ao movimento agitado do mundo. É importante escolhermos rejeitar ofertas inquinadas, de modo a não perpetuar a corrente de irritação e malquerer, para construirmos, com humildade e paciência, comunidades mais coerentes e amorosas.

#image_dianavalmeida / Avenida da Liberdade, 25 de abril de 2024

::::::: Propostas para o 1º semestre de 2024 [clica nos destaques laranja para mais info!] :::::::

  • Roda de Rainhas_Encontro de mulheres maduras / Arquétipo da Anciã nos Mitos: Hécate / Sophia / Héstia — 14 abril, 19 maio, 23 junho_Casa Pavan, Fontanelas_10h30-13h — Inscreve-te aqui
  • Escrever o Coração_5 elementos na Casa do Jardim da Estrela_11 maio, 15 junho, 13 julho, 10 agosto, 14 setembro_10h30-12h. Participação livre! Inscreve-te no email umteatroemcadabairro.cjardimestrela@cm-lisboa.pt
  • Mil Cravos_Exposição de fotografia, Casa do Jardim da Estrela_5 de abril-31 de maio. Entrada livre, terça a sábado, 10-18h.

::::::: Sobre o meu trabalho :::::::

O meu serviço centra-se em três áreas — Energia, Criatividade e Visão

Ofereço uma terapia holística, combinando energia, taças tibetanas, cristais, sinergias de óleos essenciais personalizadas e (se a tua pele quiser ser tocada) massagem intuitiva — Afinar o Coração. 

Proponho workshops de desenvolvimento humano, unindo escrita e meditação, ou mentorias criativas individuais para desenvolveres um projeto de escrita ou trabalhares um tópico específico — Escrever o Coração

Realizo Rituais Fotográficos que honram a beleza singular de cada Ser — Retrato Sagrado e Corpo Vivo: Deusa Grávida.

Queres saber mais, ou marcar uma sessão? Entra em contacto comigo através da caixa de mensagens no final deste site.

Grata. Bem-hajas!

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