Lua Cheia_24 julho 2021
A intensidade desta lua fez-me focar em mil tarefas suspensas, adiadas lista a lista, fez-me ficar noite fora sem dormir, a fazer, a criar. Consegui chamar misteriosas energias para correr pelos dias materializando, à medida que ideias e desafios teciam seus labirintos. E dei graças pelos instrumentos de navegação que me permitem avaliar rota na velocidade, sabendo seguir a intuição e escutar o silêncio interno, mesmo rodeada de ruído.
Do mesmo modo, lá fora, o mundo maior que vamos construindo (destruindo, depende da perspetiva) acelera. Esta história da pandemia como ameaça de morte obriga o ocidente a confrontar-se com o seu maior tabu e traz à tona todos os terrores. Mas eis que surge a miraculosa solução científica (estou ciente do paradoxo!) que para sempre erradicaria a sombra, embora a batalha prossiga como contam os números, mandando reforçar medidas, pois…
Este pendor resolutivo faz-nos reféns do discurso oficial. Não temos paciência nem humildade para encontrar soluções além daquelas que nos são propostas pela grande máquina capitalista, a tilintar por cada máscara vendida. Não temos imaginação, nem tempo (reduzido ao lucro, aliás) para pesquisar outras versões da realidade, e vamos ficando apegados à nossa verdade contra todos aqueles que a ameaçam. Apavora-nos a visão caleidoscópica, e queremos por força circunscrever as coisas à nossa verdade.
Ocorrem-me as palavras de Tulku Lobsang Rinpoche sobre impermanência e ilusão no mundo do carma, onde “a verdade é inimiga do amor”, pois tendemos a impor a nossa certeza como absoluta, excluindo qualquer outra hipótese. Só que agora, apesar da censura e da crescente tentativa de controlo da esfera privada através da tecnologia, a rede multiplica meandros de informação. E dá acesso a uma miríade de opiniões que explodem o mito da verdade única.
Assim, nesta intensa idade que criamos juntos, coletivo apavorado, abrem-se, ou revelam-se, melhor dizendo, múltiplas dimensões experienciais. As diferentes frequências vibracionais que escolhemos geram universos distintos, que coexistem numa dinâmica intrincada. A Nova Terra desponta do caos, com uma rapidez rara.