(sobre a Lua, dois dias depois)
Lua Nova, 2 janeiro 2022
O calendário gregoriano foi criado no final do séc. XVI e só no início do século XX adotado a nível mundial, numa manobra eurocêntrica que facilitou as políticas de globalização. Se, por um lado, podemos argumentar tratar-se apenas de uma ficção oriunda de cálculos imperfeitos da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana, etc., por outro, é bom de ver que consciência coletiva cria a sua realidade, e quanto mais pessoas investem em determinada mundivisão maior o seu poder.
Assim, o facto de esta lunação chegar no início de um novo ciclo tem significado acrescido. Na Lua Nova plantam-se as sementes das intenções que queremos ver crescer e germinar. Aproveitando o vazio, recolhemos dentro, calculamos o percurso, ajustamos rota, reconhecendo que o mapa se constrói à medida dos passos. Sabemos que a mania do controlo não nos leva longe e, em simultâneo, percebemos ser crucial escolher trajeto.
Dispomos de energia vital limitada — no yoga, afirmamos ter o número de respirações contadas à nascença, por isso as procuramos prolongar, ganhando tempo! A consciência da escolha permite-nos, pois, potenciar ação. Tal consciência pode ser ampliada em momentos charneira, concentrando a intenção através de rituais que nos permitem mapear caminho, ver mais longe.
Possa este duplo recomeço ser para ti, para nós, revivida oportunidade de acerto, para que as linhas do mapa delineiem o território por onde seguimos juntos, abrindo novos passos a quem connosco queira caminhar.