Lua Nova, 14 outubro 2023
Recordo-me do momento em que nasceu a minha consciência geopolítica mais informada, era sábado e estava a ler uma reportagem do semanário Expresso, na sala da casa de família, em meados de 1980. Havia diversos mapas do Médio Oriente com tracejados delineando as alterações dos perímetros das fronteiras, juntamente com dados sobre os largos milhares de mortos provocados pelos vários conflitos armados, assim como tentativas de clarificar os interesses em jogo e as características das várias fações envolvidas. Fiquei chocada com o que me pareceu uma absurda injustiça, preto no branco.
Hoje, vejo com mais dégradés. Ainda assim, o meu coração sai do centro diante de mais uma guerra repetida, com o que parecem ser sempre os mesmos rostos de mulheres deslocadas com crianças ao colo, velhos estropiados em estradas poeirentas, edifícios em ruínas, ruas de entulho cinza, de onde sobressai um detalhe inusitado, que nos deixa imaginar que ainda há pouco ali vivia gente.
Hoje, tenho amigos dos dois lados, pessoas boas que amam e choram de tristeza e alegria, riem vendo os filhos caminhar, e sonham construir um mundo mais justo. Hoje, não posso escolher senão a paz, o que me leva a perguntar qual a minha responsabilidade para perpetuar este e tantos outros conflitos que devassam a Terra. Acredito que somos microcosmos reverberando tensões e harmonias maiores. Só posso, pois, concluir que sou a guerra.
Sou a guerra quando escolho tapar os olhos e prosseguir alheada do mundo, em redoma de sossego sem raiz. Sou a guerra quando persigo um padrão de consumo insustentável, sabendo os contornos da crise ecológica em que nos encontramos. Sou a guerra quando, de armário cheio, vou comprar mais um vestido, por vaidade e tristeza. Sou a guerra quando persisto em alimentar adições, para evitar o compromisso de encarar os meus padrões disfuncionais. Sou a guerra quando me vitimizo, culpando pais, amantes e patrões, em vez de assumir responsabilidade pelas minhas escolhas. Sou a guerra quando, no autocarro apinhado, fico presa ao telemóvel, sem ver sequer a senhora idosa a quem deveria ceder lugar. Sou a guerra quando me desvinculo emocionalmente daqueles que me rodeiam, presa nas minhas dores. Sou a guerra quando escolho cultivar a mágoa, a inveja, o rancor, a desesperança, ignorando as qualidades divinas que nos sustentam. Eu sou a guerra. E sei que enquanto não encontrar o meu caminho para a paz, lá fora hão de continuar a chover bombas sobre as cidades. E tu, como fazes guerra?
#image_dianavalmeida — Street Art, Lisboa, Summer 2022
sobre o meu trabalho
O meu serviço centra-se em três áreas — Energia, Criatividade e Visão
Ofereço uma terapia holística, combinando energia, taças tibetanas, cristais, sinergias de óleos essenciais personalizadas e (se a tua pele quiser ser tocada) massagem intuitiva — Afinar o Coração.
Proponho workshops de desenvolvimento humano, unindo escrita e meditação, ou mentorias criativas individuais para desenvolveres um projeto de escrita ou trabalhares um tópico específico — Escrever o Coração.
Realizo Rituais Fotográficos que honram a beleza singular de cada Ser — Retrato Sagrado e Corpo Vivo: Deusa Grávida.
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Menopausa em Círculo com Avani Ancok & Diana V. Almeida. Estás a chegar à pré-menopausa ou já deixaste de sangrar? Como te sentes? Como afeta este processo o teu corpo, as tuas emoções, a tua mente, a relação contigo mesma e com os outros? Junta-te em círculo com outras mulheres para partilhares a tua experiência e para empoderares o teu, o nosso, caminho. Nova data a definir em breve. Escala de abundância, de 10 € a 30 €.
Grata. Bem-hajas!