Mais do que isto

Lua Nova, 11 janeiro 2024

Num dos seus mais conhecidos poemas, Fernando Pessoa ortónimo desconstrói o afã de saber por contraponto com a naturalidade das coisas crescendo fora das páginas do livro. É um piscar de olhos ao mestre Alberto Caeiro, adorador da Terra, grande oráculo de saber vivo. Os últimos versos do poema “Liberdade” coroam esta crítica à abordagem livresca com uma curiosa declaração — “O mais do que isto / É Jesus Cristo, / Que não sabia nada de finanças / Nem consta que tivesse biblioteca…”.

O poeta era um fingidor, claro, e podemos desmontar este texto como um “comboio de corda” nos carris da ironia. Quando “Liberdade” foi publicado, na Seara Nova, em 1937, Portugal iniciara a mais longa ditadura da Europa no séc. XX, sob o comando de Oliveira Salazar, um professor de Finanças que, socorrendo-se do poder da igreja católica, apelava ao analfabetismo como modo de melhor controlar as massas rurais e proletárias. 

Dito isto (e considerando a maravilha da polissemia, uma das delícias da literatura!), vou propor uma leitura que contempla a possibilidade de o conhecimento especulativo estar, efetivamente, aquém de um tipo de sabedoria construído a partir de uma abordagem mais ampla. 

Todos temos as nossas teorias sobre o mundo e, bastas vezes, ficamos presos na certeza destes edifícios de lógica ou dogmatismo, contrariando quem vê de outro lugar. Nascem assim as quezílias, que começam nas pequenas desavenças quotidianas, e vão ganhando força na teimosia com que defendemos os nossos mais que óbvios pontos de vista. Quem tem outra opinião é, pura e simplesmente, estúpido, pois não é evidente que…

E assim seguimos, ocupando espaço mental com infindas elucubrações sobre como poderia ter sido, sobre como será quando eu lhe disser a verdade. Este vício rouba-nos energia e disponibilidade para a ação, separando pensamento e vontade. Tornamo-nos veículos de dissensão, sempre prontos a cuspir certezas.

Talvez importe, pois, talvez seja interessante, desacelerar. Só no silêncio se escuta. Para lá do discurso organizado, palpita um universo de incerteza a descobrir. É neste espaço amplo que realmente reside a possibilidade de criar o novo.

Mais, o saber intuitivo, sediado no coração, liga-nos ao repositório cósmico, à inteligência divina. A razão nunca conseguirá superar os seus limites, pois medra na multiplicação de argumentos. Só a intuição nos poderá oferecer pontes para a paz e a possibilidade de ver mais do que isto. Trata-se de uma faculdade superior, que se cultiva através da meditação ou das práticas contemplativas.

Quero encontrar Deus em todos os seres.

#image_dianavalmeida — Thailand, Summer 2017.

::::::: Sobre o meu trabalho :::::::

O meu serviço centra-se em três áreas — Energia, Criatividade e Visão

Ofereço uma terapia holística, combinando energia, taças tibetanas, cristais, sinergias de óleos essenciais personalizadas e (se a tua pele quiser ser tocada) massagem intuitiva — Afinar o Coração

Proponho workshops de desenvolvimento humano, unindo escrita e meditação, ou mentorias criativas individuais para desenvolveres um projeto de escrita ou trabalhares um tópico específico — Escrever o Coração

Realizo Rituais Fotográficos que honram a beleza singular de cada Ser — Retrato Sagrado e Corpo Vivo: Deusa Grávida.

Na época natalícia, em que nos iluminamos mutuamente em presença e amorosas lembranças, considera oferecer uma terapia, uma mentoria de escrita ou uma sessão de fotografia. Há vouchers!

Queres saber mais, ou marcar uma sessão? Entra em contacto comigo através da caixa de mensagens no final deste site.

Grata. Bem-hajas!

Partilha:
Scroll to Top