Lua Nova_13 janeiro 2021
Esta lunação conjuga a energia de duplos recomeços, tanto deste novo ano (que prossegue em modo de recolhimento), como do vazio inicial do próprio ciclo cósmico (que pede presença para semear intenções). Os astros acentuam o desajuste dos velhos paradigmas que nos conduzem às cegas, mas oferecem também a possibilidade de mergulho para ver atrás de cena, descobrindo as armadilhas da repetição que nos levam a querer mais do mesmo, sem ousarmos sair do nosso confinamento.
O desafio será, pois, chegar ao fundo do movimento, percebendo aquilo que realmente nos motiva. Avanças a partir de projeções mentais, num cenário competitivo em que atribuís aos outros o poder de te julgarem por sucessos inventados? Ou caminhas partindo do centro do teu desejo, renovado no equilíbrio dinâmico entre silêncio e (rel)ação? A alegria com que danças cada passo é, por certo, um sinal verdadeiro deste alinhamento.
Uma vez traçada a rota, cabe-nos perseverar, em flexibilidade e firmeza, tomando os erros como instrumento de navegação. Encerrados no quadro do perfecionismo e da culpa personalizamos tudo, vendo os erros como sinal de fraqueza. Porém, só errando mais e melhor (como dizia Beckett) podemos aperfeiçoar os nossos dons. Recordemos que o mestre falhou mais vezes do que o discípulo sequer ousou começar. E demos o pontapé de saída livres de suspeita e medos, para seguirmos num cada vez mais amplo raio de ação.
Image Diana V. Almeida. Street Art, Lisboa.