A raiz do movimento

Lua Cheia. 24 fevereiro 2024

Aprender a caminhar é provavelmente uma das tarefas físicas mais desafiantes na vida de um ser humano médio (para excluir atletas de alta competição, entre outros que se dediquem a ampliar os limites da expressão corporal). Assumir a verticalidade implica já de si um risco imenso, expondo ao mundo a parte frontal do corpo, a zona mais vulnerável, que os outros mamíferos guardam baixa, como proteção. Caminhar, por seu lado, implica brincar com a queda, pois cada passo destabiliza o nosso centro físico, para logo o reequilibrar antes de avançarmos, como sugere o psicoterapeuta Stanley Keleman, em Your Body Speaks Its Mind (1974).

A velocidade da corrida implica já um domínio extraordinário do corpo, em ligação com as forças da gravidade e outros elementos determinantes da nossa experiência da corporalidade. Muitos de nós assumimos estas conquistas como dados adquiridos e vamos forçando o corpo a navegar os dias em velocidade contínua. À mobilidade externa, acresce agitação interna, com pensamentos aos saltos e desatenção criando crescentes bloqueios somáticos. Cada vez são mais as seduções, com ecrãs multiplicados e a realidade invadida por sementes de inteligência artificial que se transformam em motores por conta própria, puxando-nos para o desconhecido.

É desafiante, a crescente rapidez. Somos fruto da lógica cumulativa, que mede o sucesso em termos materiais, incentiva a competição, pede resultados práticos, visíveis, que façam subir depressa os gráficos da produtividade. Esta narrativa maior acaba por se infiltrar no quotidiano, gerindo as nossas mais pequenas escolhas, num ritmo que nos afasta da consciência. A ação é gerida como lista de tarefas, tornando equivalente trabalho, intimidade, afazeres domésticos, encontros sociais, lazer (ainda não viste aquele filme nomeado para os Óscares?).

Pergunto quantos de nós procuram, e conseguem alcançar, a suspensão do silêncio. É nesse lugar interno que conseguimos criar coerência, unificando o disperso, a vida fragmentada e dura. Só poderemos trazer harmonia ao movimento — harmonia para nós e para o planeta — quando (re)conhecermos a raiz que nos liga a nós mesmos e, em simultâneo, à Terra e a todos os seres que nela habitam, desde os rios, as montanhas e as árvores, até aos pássaros e às pessoas. E neste pulsar, veremos elos maiores, pois somos filhos do cosmos e da inteligência divina que o sustém.

#image_dianavalmeida — Pequim, 2009.

::::::: Sobre o meu trabalho :::::::

O meu serviço centra-se em três áreas — Energia, Criatividade e Visão

Ofereço uma terapia holística, combinando energia, taças tibetanas, cristais, sinergias de óleos essenciais personalizadas e (se a tua pele quiser ser tocada) massagem intuitiva — Afinar o Coração. 

Proponho workshops de desenvolvimento humano, unindo escrita e meditação, ou mentorias criativas individuais para desenvolveres um projeto de escrita ou trabalhares um tópico específico — Escrever o Coração

Realizo Rituais Fotográficos que honram a beleza singular de cada Ser — Retrato Sagrado e Corpo Vivo: Deusa Grávida.

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Grata. Bem-hajas!

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