Lua Cheia, 5 fevereiro 2023
Já vi dezenas de belos concertos, na vida. Creio, porém, poder eleger o melhor (que, curiosamente, foi um dos mais minimalistas). Regresso ao cálido verão de 2005, no Anfiteatro Keil do Amaral, em Monsanto, quando, após uma performance algo ruidosa da Zap Mama, entrou em palco Ali Farka Touré. Era capaz de jurar que a Lua Cheia subiu nesse mesmo instante sobre o palco, mas posso estar a efabular. Vinha sozinho, e cumprimentou-nos, sorrindo. Instalou-se de imediato um silêncio reverente entre a audiência. Ali começou a dedilhar uma melodia muito simples na guitarra, e só depois foi chamando os cinco músicos que o acompanharam. Este foi o seu último concerto na Europa, pois, poucos meses volvidos, aos 66 anos, morreria de cancro no Mali, que nunca renegara, mesmo após ter alcançado renome mundial.
Quanto mais sei sobre Ali Farka Touré, mais o aprecio, desde o empenho político na comunidade local, em que investiu a sua riqueza, criando infraestruturas e potenciando a agricultura, até ao modo como se rebelou contra a proibição de fazer música, labor tradicionalmente reservado à casta dos Griots. Na adolescência, construiu em segredo um monocórdio com uma lata, mas, tendo sido descoberto, foi enviado para o feiticeiro da tribo, para se curar da doença da música. Desta feita, congratulo-me por a magia não ter surtido efeito! Ali Farka Touré, pioneiro do Tishoumaren, um estilo musical de fusão conhecido como “Desert Blues”, foi um mestre a muitos níveis, contribuindo para subverter o eurocentrismo e para dignificar as produções culturais africanas.
Poucos adivinhariam, naquela noite, estarmos diante de um homem gravemente doente, tal a dignidade com que se apresentou, a força que emanava de cada um dos seus gestos precisos. Possamos nós, de igual modo, encontrar a via da nossa singular realeza, na coragem de sobressair e na humildade da pertença. Caminhemos na real Luz interna, acendamos juntos, mais e mais, o coração da humanidade. Eu quero arder neste incêndio.
sobre o meu trabalho
O meu serviço centra-se em três áreas — Energia, Criatividade e Visão.
Ofereço uma terapia holística, combinando energia, taças tibetanas, cristais, sinergias de óleos essenciais personalizadas e (se a tua pele quiser ser tocada) massagem intuitiva — Afinar o Coração.
Proponho workshops de desenvolvimento humano, unindo escrita e meditação, ou mentorias criativas individuais para desenvolveres um projeto de escrita ou trabalhares um tópico específico — Escrever o Coração.
Realizo rituais fotográficos que honram a beleza singular de cada Ser — Retrato Sagrado e Corpo Vivo: Deusa Grávida.
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Bem-hajas!